Se há um blog que visito diariamente, esse blog é o Sound and Vision, dos belos escrivas João Lopes e Nuno Galopim. Concordando ou não com João Lopes (crítico reconhecidíssimo de cinema), sempre li com agrado tudo o que escrevia, mas desta vez, senti uma pequena necessidade de "responder" ao que ele dizia. Peço desde já desculpa ao crítico, pois vou usar as palavras dele sem a sua autorização (também não o conheço). Critica ele no seu blog a forma desenfreada como se fazem top's e listas na comunidade blogueira em Portugal.
«Por isso mesmo, não posso deixar de referir também que sinto a maior relutância, para não dizer resistência, face à compulsiva prática de listas e tops que contamina muitos espaços da Internet. Exemplo? Só como pesadelo poderia imaginar que alguém se lembrasse de fazer um "top das melhores cenas de hóquei em filmes que... não são sobre hóquei" — pois bem, mais do que pesadelo, tal disparate existe. Abomino as práticas dessa "cinefilia" pueril que está a transformar o cinema numa paisagem de coisas pitorescas, anedóticas, sem espessura e, sobretudo, sem história. A proposta de que o Ricardo se assumiu como mediador envolve, pelo menos, um factor salutar: a de reconhecer que qualquer memória (cinematográfica, neste caso), envolve um insuperável para mim. Aliás, se consigo nomear a origem do meu gosto em escrever sobre cinema, situo-a na consciência da infinita pluralidade da formulação desse para mim, espectador a espectador. Infelizmente, na Internet, em particular na blogosfera, predomina (é mesmo promovido) o preconceito segundo o qual o crítico de cinema é aquele que quer "convencer" os outros. Como se eu me sentisse realizado (?) por alguém me dizer: "penso exactamente da mesma maneira". Ora, se há coisa que eu sei, de seguro saber, é que ninguém pensa exactamente da mesma maneira. E choca-me que cada um possa não fazer uso disso — a singularidade do seu pensar — até às mais extremas consequências. »
João Lopes
De certa forma concordo com ele. Realmente creio que se fazem TOP por tudo e por nada. Eu faço-o com frequência, por vezes sem grande razão para o fazer. Também é certo que não faço todos os que me aparecem. Contudo ele próprio afirma que uma proposta de um outro blogueiro (confesso que não sei se esta palavra existe) é de salutar pois "reconhece que qualquer memória envolve um insuperável". Posso ter entendido mal as palavras dele, mas o que é fazer um TOP (seja ele qual for)? Pois para mim, quando estou a elaborar uma lista, isso envolve todas as minhas memórias cinematográficas. E reparar, ao ler comentários e listas de outras pessoas, que posso me ter esquecido de algum. E o facto de me esquecer, isso também é consequência da memória, ou falta dela. O bom de elaborar este tipo de lesta é mesmo poder discutir cinema com outras pessoas. Para mim não são mais que uma bela desculpa para falar de CINEMA. Se isso é uma forma "pueril", pois assim seja...
2 comentários:
Olha eu passei a fazer top 10 todas as semanas e só vai ver quem quer, quem não gosta, não veja... por isso e mais uma vez, digo, que os criticos, é um bando de tipos que têm a mania que só eles é que sabem e os outros são desculpa a palvra uns estúpidos.
Quantas vezes fui ver um filme daqueles que todos os críticos recomendam e o filme é a maior porcaria deste mundo?
Todos nós temos direito a ter as nossas opiniões e respeito as de todos quanto escrevem no meu blog, porque acho que cada um não é obrigado a gostar do mesmo, etc.
Se eles estão fartos do que se faz no mundo dos blogues, têm bom remédio, não vão aos blogues.
Enfim...
Pois, de facto concedo que o João Lopes tem uma certa razão mas creio que tem ido um pouco longe na medida que aproveita uma significativa parte dos seus textos para criticar a blogosfera da cinefilia portuguesa. Se é verdade que já procurei falar com ele sobre alguns assuntos diversos da sétima arte porque respeito muito a sua opinião, não será menos verdade referir que não deveria criticar de forma tão extenuante a forma como "pessoas que não são críticas" exprimem a sua paixão por uma arte.
Quanto à referência em particular, conheço o blogue que o publicou e quem por lá anda sabe que o autor prima pela originalidade. Neste caso, estamos perante uma outra forma de ver a arte e deve, como tal, ser respeitada.
Abraço
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